segunda-feira, 6 de abril de 2009

Os últimos momentos de um crente.

-Todos me amaram durante minha vida inteira. Sou um homem feliz.
-Não. Nunca, ninguém jamais te amou e não és, nem nunca foste feliz.

- Meus pais, em criança, me embalaram, me alimentaram, me educaram, me protegeram.
- Isto não significa que te amaram. Apenas te geraram, assim como agem todos os animais e, por instinto, te providenciaram a sobrevivência até certo tempo.

-Estás exagerando. Minha esposa me amou enquanto existiu.
-Não, tua esposa jamais te amou. Apenas não teve a chance de escolher outro melhor.

-Ela viveu a meu lado a maior parte de sua vida. Isso não é amor?
-Não. Isso não é amor. Ela apenas se acostumou à tua presença, por comodidade, por conveniência..

-Meus filhos me amaram. Sempre demonstraram e afirmaram isso.
-Não, teus filhos não te amaram. Usaram-no, enquanto esperavam o momento de se lançar em suas próprias vidas. Foste apenas uma escada.

-Então, o que dizes de minha amante? Ela jurava amor sincero a cada novo encontro..
-Não. Ela nunca te amou. Possuía-te enquanto imaginava estar te roubando do lar. Puro sentimento de inveja e cobiça.

-Meus amigos, os verdadeiros, me amaram. Divertiam-se com minhas tiradas e brincadeiras, não viviam sem mim..
-Não. Não te amavam. Eras apenas o palhaço que lhes causava risos e pagava o churrasco.

-Mas será o Benedito que nessa vida ninguém jamais me amou?
-O Benedito te amou. Mas como não és homossexual, ofendeste-o com palavras más e ele se afastou envergonhado de seus próprios sentimentos.

-Porém Deus me ama. Disso tenho certeza. Sempre respondeu às minhas preces.
- Deus não existe. Apenas conversas contigo mesmo, imaginando que ouves as respostas que desejas ouvir. Vem daí essa idéia de que és feliz. Mas esse é apenas o modo que arranjaste para ocultar a tua infelicidade.

-Então, tu, que pareces me conhecer tão a fundo me amas?
-Sabes quem eu sou?
-Não. Quem és tu?
-Sou o teu alter-ego. E te conhecendo tão profundamente como o conheço, sou o que menos te ama. Por isso a certeza de que és tão infeliz. És não. Foste.
Ou melhor: Fomos.

[fonte: Comunidade "Sou feliz por ser ateu!" tópico: Os últimos momentos de um crente. Por Ademir]

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